Friday, June 24, 2005

Hoje dia 23

faz anos a minha irmã Maria da Graça, a mais nova.
Há-de fazer muitos mais e nunca deixará de ser a mais nova, ao contrário do que pensava nos seus 6 anos, quando nos ameaçava: “Quando eu for a mais velha vocês vão ver!”
A esta irmã pedia eu, no clube, que me chamasse Clara! alto!, para todos ouvirem o meu nome desejado.
Era também a esta irmã que eu convencia a gastar dinheiro do Natal no long play dos Creedence Clearwater Revival.
É para com esta irmã, que toda a vida me chamou mana, que eu tenho uma dívida irreparável. Em casa, íamos pouco para a sala “dos grandes”. Só para dar beijinho e pouco mais. Foi esse tom cerimonioso que nos atraiu para um jogo de bola, numa tarde em que “os grandes” não estavam em casa e os criados já não tinham mão em nós. Quando eu desfiz em cacos um copo da cristaleira, combinámos (depois de recuperar a respiração) que a Maria da Graça se acusaria, porque à mais pequena ninguém castiga.
Assim que o meu pai parkou o carro, saiu a correr para mostrar a valentia: “Parti um copo na sala, mas foi-sem-querer”. A resposta da minha mãe foi uma estalada. Perdemos todos a fala, até hoje, Marie Grace, que conto a toda a gente como a minha cobardia foi maior do que a tua inocência. Dizer-te que também me doeu a mim será suficiente?
A sobrinha Madalena tem imensos traços da tia. Físicos e de atitude social. Para o caso de eu recear que, ao construir as nossas vidas independentes, pudesse ficar sem uma pestinha por perto…
Quanto a ti, não te afastes muito.

No comments:

Post a Comment

Revisoes da edicao