Friday, August 16, 2013

Essa agora



 
Sabem quando estamos na presença de uma cena perfeita e no fim surge um revés e estraga tudo?
Quando, no fim de uma belíssima travessa de amêijoas trincamos areia?
Quando estamos “quase lá” e o telefone toca?
Pois.
Este sábado o Expresso publica o último desafio de escrever um ensaio com personagens de “Os Maias”, desta vez pela Clara Ferreira Alves…


Mas há quem escreva muito pior! Eu, por exemplo.

“Ainda o apanhamos!”
Não o apanharam!
Valeu o investimento de descer a rampa de Santos em passo de corrida, nada mais.
Sentados em frente à Barraca, davam por terminado isso de ter expectativas, na vida. Não iriam insistir.
O fôlego recuperou-se sozinho enquanto o desapontamento e aquele pequenino sentimento de luto permanente, mais uma vez, tomava o lugar dianteiro na sala das ideias.
- Há um anátema nesta postura, disse João da Ega. Combate-se com outra maldição, digo-te eu. Desde que a inventemos…
- Tu dizes coisas do além, franziu Carlos da Maia, aborrecido por estar a ficar com fome.
Entre caminhar e discutir com um táxi por causa de uma distância tão curta, foram andando e quando já se via o Mercado da Ribeira era tarde de mais para decidir.
Jantaram no Olivier e subiram do Cais do Sodré à Rua do Alecrim – um passeio seguro.
- Parece um Deus do Olimpo!
- Parece uma cepa retorcida!
A estátua recebia-os sempre de braços abertos. Para se ser estátua é preciso ser paciente.
No Largo do Camões, lançava-se no fado uma novidade de Lisboa: Eduarda Maria.
Carlos virou-se todo, para ouvir melhor:
- Que eu podia ser o seu angel investor, lá isso podia, sorriu alto.
- Eu não te disse??!!
(continua…)

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