Saturday, December 08, 2012

Que horas são?



Vi-os a subir a minha rua, com a calma de quem tateia um caminho novo. Pararam.
Há uma espécie de veneração nos passos dela em direcção a mim. E nos dele também.
Mas reparei melhor,  à medida que se aproximavam: não é veneração e sobretudo não é para mim! É aquele velho reconhecido sentimento que tranforma os sorrisos tolos em puras declarações de amor.
Eu aqui só fui convocado para padrinho! Logo eu, que sou ateu. Fiz o melhor que sei e abençoei-os em nome da verdade, sob o manto diáfano da fantasia. Seguiram.
Há muito que sabem que a alegria de viver é uma escolha. Faz-se de dentro para fora - não se compra.
Diz que ouviram cantar o Fado. As Rimas, a pedido e o fado triste do José Luis, de Elvas.
Quando desceram, acenaram-me. Continuavam enlaçados. Ela perguntou as horas. Eu ia dizer 10 para as 4, que se via no relógio dos bombeiros! mas ele adiantou-se e respondeu-lhe: são onze e meia.
Ainda é cedo.
- Ainda a apanhamos!
- Ainda a apanhamos!
Disseram os dois, falando sobre a vida.

1 comment:

  1. Antonio10:57 AM

    O Eça de Queiroz, naquela noite concorrida e gélida contemplava a azafama, o vórtice desta Lisboa, À surpresa do pedido de apadrinhamento recorreu-se ao testemunho do frio, das pedras da calçada e do relógio dos bombeiros que selou a hora do acontecimento. Aceite os votos, partiram os prometidos rua a cima, afortunados, e o Eça, condescendeste, segurando pelos braços quem perdido se encontrava, esboçou um sorriso criando sobre o idílico momento, prosas, onde o sentimento mais puro é a subtil linha transformadora da vida. Poderá este post ser a continuação dessas ideias? Quem poderá duvidar?!, eu não, os padrinhos muito menos, e o Eça,?! Este aguardará que um dia esse romance lhe seja lido no jardim que o circunda.

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